Validação clínica do uso de mobiles e wearables na prática clínica é tema de mesa no WCC 2022

A mesa Uso de mobiles, wearables e aplicativos na prática cardiológica: quais são as evidências debateu avanços na aplicação prática de recursos digitais no cuidado das doenças cardiovasculares. A mesa foi coordenada por Roberto Vieira Botelho e Simone Cristina Brandão. Botelho abriu o encontro destacando que o uso da tecnologia na cardiologia precisa ser baseada em evidências clínicas, compreendendo os limites dos dispositivos.
Milena Soriano Marcolino comentou sobre os principais estudos existentes na atualidade sobre mobile health. A cardiologista apresentou uma revisão de pesquisas da área destacando algumas limitações dos estudos, como amostras reduzidas, tempo de follow-up curto, riscos de viés e alta taxa de desistência. Milena afirma que uma das grandes dificuldades é a ausência de aplicativos que ajam de forma global, monitorando diferentes marcadores. “Alguns fatores que podem influenciar no sucesso dessas estratégias são uma interface amigável ao usuário, dosagem das mensagens ou notificações, além da consideração da opinião de médicos e pacientes para desenhar um novo sistema”, afirma Milena.
Cidio Halperin apresentou as maiores pesquisas sobre o uso dessas ferramentas na fibrilação atrial, passando pelo eletrocardiograma e pela fotopletismografia que podem ser captadas por relógios inteligentes. Segundo o cardiologista, a capacidade de detecção de arritmias nesses dispositivos é maior do que nos métodos tradicionais. No entanto, o médico destacou que a existência da tecnologia não implica no seu uso imediato, o que é um dos desafios da implementação na prática clínica. “Mesmo naqueles pacientes que têm monitores de eventos implantados, muitos não os utilizam. Em estudos com valor preditivo alto, muitos pacientes não procuraram o serviço de saúde ao serem notificados. O fato da tecnologia existir não quer dizer que as pessoas vão usar”, afirma Cidio.
Félix José Alvarez Ramires destacou que a maior causa de reinternação por insuficiência cardíaca é a má aderência ao tratamento. O telemonitoramento através de recursos digitais pode ser útil para evitar esses quadros. O cardiologista destacou algumas possibilidades, como cuidados personalizados a partir de alertas de lembrete de medicação e de alterações no indicadores. Félix afirma que o gerenciamento de dados é um dos pontos centrais e um dos grandes desafios da área. “É importante alimentar com dados o centro de cuidado do paciente, mas também alimentar uma big data que através da inteligência artificial consiga definir árvores de decisões ou até a evolução de pacientes. Utilizando-se inteligência artificial a acurácia se torna muito maior”, diz Félix.
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